sexta-feira, 11 de março de 2011

Perdas Insubstituíveis

A perda é algo que, desde cedo, não nos ensinam a lidar. Ao contrário! Ensinam-nos a bravura dos lutadores; a competir na vida em todos os momentos, contra todos e quase contra tudo! Não importa o tamanho do desafio e nem a força do nosso oponente... Temos que sair vitoriosos, pois perder não faz parte do “treinamento”. O próprio processo da concepção e do nascimento já implica numa grande competição que resulta em vitória! Somos vencedores de um em meio a milhões! Fecundos e fecundados...
Entretanto, ao longo do caminho vamos sofrendo perdas. Pequenas e insignificantes, as perdas não representam em si a essência da derrota. Perder os primeiros dentes não chega a ser traumático se temos a segurança de que novos desbravadores logo preencherão as lacunas... Perder a inocência parece um preço justo em troca da astúcia e malícia. Seria, talvez, o início do crescimento (?). Perder a virgindade simboliza a metamorfose... a passagem da criança para o desabrochar do homem ou da mulher. As perdas se tornam insignificantes num primeiro momento e deixam para trás lembranças de nossa origem. Seguimos adiante, colecionando os troféus das conquistas e ganhos...
E quando se trata de pessoas? Somos bons perdedores?
Não é agradável perder pessoas que fazem parte de nossa vida e que compõem a nossa história. Mortas, causam-nos a dor e as lágrimas da separação, da interrupção abrupta da vida... Não fomos preparados para esse tipo de perda! Perscrutamos pelos mistérios da vida e morte e, apesar da confrontação com a perda, menos entendemos sobre ela. Perdemos, também, pessoas vivas e essa, muitas vezes, representa dor maior do que a perda pela morte... O descuido, a negligência, intolerância, incompreensão ou as más decisões da vida, acabam nos separando de pessoas que viverão distantes de nós voluntária ou involuntariamente. É a perda que passaremos tempo tentando compreender e, algumas vezes, nos conformar.
Novas lacunas se abrem, mas desta vez sem as promessas de preenchimentos. Pessoas são únicas e só acredito que são insubstituíveis quando sinto que cada uma possui forma e medida incapazes de serem ocupadas por outras... Não há vida que preencha o vazio da morte e não há morte capaz de reencarnar outra vida. Nenhuma alusão à espiritualidade. Estou falando em matéria! Pelas leis da física, tudo que ocupa lugar no espaço e tem massa é matéria e, assim, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Pelas “leis” da perda, uma pessoa não ocupa o lugar da outra, mesmo que muitas tentem ocupar o espaço de uma!
Constatamos, então, que sabemos muito pouco sobre perdas significativas e que vivemos a maior parte do tempo nos debatendo com as perdas substituíveis, porém ficamos paralisados diante das perdas inexplicáveis e insubstituíveis. A vida, sem dúvida, nos ensina muito sobre perdas e ganhos e, algumas vezes, nos faz rever esse conceito. Perder nem sempre implica em derrota, assim como vencer em vitória. Nunca seremos bons nas perdas humanas! Perder pessoas nos levará ao estágio inicial da vida. Seremos sempre como crianças em busca de respostas, inocentes e virgens, a espera da metamorfose sem nos darmos conta de que ela já ocorreu. Saímos do casulo e não tem como voltar a ele. Daqui para frente é desabrochar e haverá o momento em que todos murcharão enquanto matéria. Mas, espiritualmente falando, pessoas não morrem e nem partem. Vivas ou mortas, pessoas ocuparão um espaço em nós, contrariando qualquer lei da física... Por isso vou juntar-me a quem tão sabiamente escreveu: “Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”
Perdas humanas são insubstituíveis, entretanto, preservar vidas é estar num pódio de vencedores que conquistam e tornam os ciclos da vida eternos renascimentos!
Jackie Freitas
*Imagens retiradas do Google Imagens

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