sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Adeus Morte!

Despedidas são sempre complicadas, principalmente quando se trata de morte... Mas não para mim... Não neste caso...
Ontem eu fui a um velório. Não havia uma lágrima sequer contrastando o sorrateiro sorriso que o meu rosto exibia. Aliás, lágrimas não cabiam naquele momento... O que pude sentir foi um alívio, um sabor indescritível obtido através de uma espécie de libertação. Aquela vida que partia dava lugar à outra, cheia de esperanças e expectativas, ansiosa por descobrir o que há por detrás da grande cortina com infinitas possibilidades diante de si.
Hoje fui ao seu enterro... A marcha fúnebre pedia passos lentos, entretanto os meus aceleravam na medida em que o tempo me aproximava da promessa de uma nova fase. Levei flores para que o frescor da vida substituísse o cheiro da morte. Foi um gesto de agradecimento!
Hoje sepultei a mim mesma! Despedi-me daquela pessoa que estava doente, enfraquecida e prestes a morrer... Talvez eu seja uma assassina, mas precisei matar quem estava, lentamente, me matando! Era aquela pessoa ou eu! Na luta pela sobrevivência não nos resta muitas opções, principalmente quando desejamos a vida e não a morte, quando acordamos do coma que nos colocamos e percebemos o valor insubstituível da vida e daqueles que amamos.
Tomei todos os cuidados para que a despedida fosse digna, afinal, aquela pessoa que partia também havia me ensinado algo valioso, mesmo em seu leito de morte.
Isso se chama renascimento, queridos leitores, e se pararmos para pensar acontece conosco a todo o momento, em várias fases da vida. Por isso quis escrever e relatar o meu sepultamento, para que todos possam compreender que podemos dar vida à nossa própria vida, escutar aquela voz tímida ou distante que há em nós, pedindo atenção, cuidado, carinho... Pedindo que a deixemos ecoar para que acordemos do sono profundo, da letargia, da fraqueza e da doença da alma...
Muitas vezes acreditamos que são as outras pessoas ou a própria vida que tramam contra nós, desejando nossa morte; mas somos nós mesmos que empunhamos a arma letal e decretamos nossa sentença... Se não reagimos, padecemos e aí serão os outros que estarão em nosso velório e enterro... Não estaremos mais aqui para mostrar-lhes o quão bela é a nossa história e o quão exemplar e inspiradora ela pode ser...
Renasçamos quantas vezes forem necessárias! Expurguemos todo o desânimo e falta de fé que queiram se instalar em nós... Eles são corrosivos e com o tempo se transformarão numa doença que nos levará à falência. E a pior morte, acreditem, é aquela que começa em nossa alma e contamina nosso corpo. Tornamo-nos moribundos, vagando pela vida apenas a espera do momento derradeiro... Encostamos-nos a qualquer lugar, agonizando em dores e sofrimentos e começamos a desenhar nossa própria lápide.
Hoje foi a despedida daquela morte disfarçada de vida... Hoje dei adeus para alguém que tentava ser eu, mas que estava bem distante de ser quem eu realmente sou. Milagres, neste caso, não acontecem porque só depende de nós acordarmos a tempo...
Sobrevivi... Ou melhor, renasci! Mais uma vez e assim será quantas vezes forem necessárias para que a vida cumpra com o seu propósito. Claro que a morte chegará, mas será no momento certo... E ainda assim, tenho certeza, haverá muitas batalhas entre nós!
Antes de partir, dei uma rápida olhada na lápide que aquela “ex-vida” desenhava e pude ler apenas: “Aqui jaz...”. Completei:
Aqui jaz quem desistiu da vida.”
Essa pessoa não sou eu!
Jackie Freitas
“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nos enquanto vivemos.”
*Imagens retiradas do Google Imagens

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